quinta-feira, 23 de junho de 2011

Perto demais

Não justifique-se: a calada anestésica da noite fez com que nos encontrássemos.
A lua craquelada por alguma espécie de giz branco, materializou (como se saído da poeira) meu corpo deslizando pela rua afogada, em direção ao fosso de sentimentos - em rota à ti.
Edite caminhava entre tropeços ao meu lado, tragando e tragando, absorvendo sua nicotina, manchando o cigarro de vermelho. Era apenas a segunda noite de inverno e o frio não presenteava-nos, nem sequer notava-se a brisa gelada nas canelas descobertas. Acendi ao olhar tua triste figura na esquina, onde a rua intrépida parecia ter seu fim. Envolvi-me em tontura.
Batíamo-nos - dessa vez tão próximos fisicamente - na busca pelo paraíso extraviado: substitutos adocicados. Dissequei-te por inteiro numa fração de segundo, construíndo versos com cada parte tua, elaborando a sequência de fotografias, baseando-as na minha lisergia. Remexi a solidão por inteiro; oh Edite querida amiga, vamos desaparecer e procurar outra alcova?

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