sábado, 18 de junho de 2011

Exílio parte 19

Abaixo do clima calmo e sujo da cidade, em faiscante céu nublado, mais um esvaído despenca para dentro da minha janela como um saco de batatas podres. Expele sofrendo, seus males internos a cada dois passos tentados - sem imaginar o quanto sonhei com o momento que rouba-me.
Esmerado momento de aspirar e sentir cheiro de ar limpo nas narinas. Deixara a peça aberta durante horas, cultivando o quarto para tal episódio de deleite meu, persistente: livrara-me por fim, do odor de veneno para insetos e ar farinhoso, que choquei durante um tempo que minha péssima memória não sabe ao certo dizer.
Sou um caso de fruto e atração pelo que é órfão, lamassento. Povoar o silêncio aflito, é o contrário privilegioso dos que precisam de salões cheios e tilintar confraternizante de copos.
"Seria bom ensinar, às vezes, aos felizes do mundo - nem que fosse apenas para humilhar, por um instante, seu tolo orgulho -, que há felicidades superiores à deles, mais amplas e mais refinadas" disse Charles Baudelaire, para finalizar.

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