segunda-feira, 28 de junho de 2010

Parte minha, sim

Desci do ônibus lotado ás dez para às oito da manhã. Sentia-me cansada pela insônia que roubou-me a noite de sono, na qual agonizei até a hora do relógio tocar seis e meia. Jurei - mais uma vez- que faria o esforço de chegar ao portão da escola e entrar, mesmo que para fazer absolutamente nada olhando ás horas angustiantemente até a saída. Não consegui novamente.
Mais uma vez a chuva despencava, e a noite ainda não havia dado lugar ao dia. Não sentia meus pés caminhando, só sabia que rumavam para casa - sim, ainda chamo desta maneira o cárcerer-manicômio que habito. Pé após pé eu estava sentada no banco fétido do ônibus. Irritei o estressado cobrador, pois não achava o dinheiro na bolsa, ah, mas isso não importa- ele também não tem culpa de nada.
Chegou a hora de descer; havia uma alegria anciosa por estar perto do destino. Foi então que ao desviar os olhos da linha reta por um instante vejo um rapaz, pálido e loiro, vomitando no ponto de ônibus. Estava à levar uma mochila, talvez estivesse indo estudar, estava tão sereno! Como se não estivesse passando mal, ou como se ninguém o visse : Em um quarto fechado. Nem mesmo fazia barulho com seu gesto... Era silêncioso.
Virei os olhos novamente para frente em questão de dois segundos, estranhamente enojada e hipnotizada pela imagem da qual pareci tirar uma foto instantânea. Quiz vomitar também; quiz voltar à chorar. Queria que meus demônios pudessem comportar-se desta mesma maneira, e deixassem meu espírito em paz. Talvez se assim tivesse sido na noite anterior, eu tivesse descansado - mesmo que com acidez na garganta. Só penso que Nietzsche possa estar certo ao dizer " Ao matar seus demônios, cuidado para não destruir o que há de melhor em você. " . Será que eles também são eu?

28/06/010

domingo, 20 de junho de 2010

Exílio parte 7

Minha existência é vazia e comparada com o verme oco e imundo que vaga pelas sarjetas.  Estou em conflito com meu coração, pois todos os sentimentos que habitam meu corpo não deixam-me viver - viver plenamente e em paz.
Sonho, todos os segundos , com tua volta. Hoje vi teu rosto na minha memória, mas era diferente, havia uma expressão diferente. Tu estavas sorrindo, com o largo e belo sorriso que sempre teve, com os olhos azuis brilhando. Não há como explicar o impacto com que tão singela lembrança me atinge.


4/06/010