quarta-feira, 27 de março de 2013

Exílio parte 42

Ordinário é o equilíbrio, que nunca aparece ou desaparece dosadamente.
Descrevo-me no presente momento como sendo uma viajante galaxial, em busca de um esquilíbrio para ser meu bichinho...

quarta-feira, 20 de março de 2013

Sobre dissonâncias atemporais

I:
No aconchego de casa, o acolhimento verdadeiro fora vibracional. Capturara meu âmago e pulsara vorazmente - a partir do início do ritual musical na câmara pautada, originando a primeira nota a chegar pelo mensageiro até mim.
Percebera elementos fortíssimos do feminino, escalando como trepadeira e chegando a percepção dos fluidificados pela arte - burlando a obstrução imposta pelo próprio criador e intérprete da mesma. Tremeras como folha seca, de expressão oca e desmotivadora para o público e companheiros de epopeia.
O termômetro é a paixão, que existe claro e luminosa apenas sob tuas lentes, desejando transcrever para o entendimento geral o universo paralelo que se impõe sobre toda a vida. Conduzira-me com frenesi alarmante, até esse recital! Pensando e não entendendo: logo perdendo-te por completo nas linhas e anzóis de pensamentos.
Necessário para o crescimento não é recrutar músicos, analisá-los como grande Henrique V. Com a essência desconjuntada, procurar teus cacos em faces distintas seria uma imaturidade imensa.
Segurara-o pela mão, querendo soltar a cordinha. Vá! Morrer de inanição, crédulo do egocentrismo. O presente é onde construímos o futuro e minha energia entrara em choque por onde estive. Não sentes, logo não tocas: executa com alucinações drugues intrínsecas. A falsidade das pupilas famintas acabá por digeri-lo, caro amigo. 
Talentoso intrépido, homo-cosmic-habilis, apenas.
II:
Atravesso mancando minha desacoplação, término de um ciclo arcaico de meu espírito. Sinto o portal nas proximidades, derramando sobre mim a solidão gostosa que é a de ausência de concentração. Não é para a consciência plena que a vida caminha, mas para a evolução subjetiva - aquela íntima.
O gosto amargo e pesado da lástima, aceito ressaltando sua extinção no menor tempo possível. Meu perfume fora imperceptível em sua floraldicência - doce e excêntrico ao extremo. És a pintura do macabro! Adornado de dourado - puxando amarelo de gema de ovo na moldura. Não sei dizer a quem pertence o quadro, por que não conheces a ti mesmo.
Caira a chuva grossa, arrancando-me da saleta transbordante de peças de um xadrez alquímico, obtuso. No preto e branco, o xadrez é de magia negra: ilimitado voodoo com peças  de carne fresca. Vence o mais usurpante.
Gravo em braile na testa!
Desopilo em posição convalescente, de costelas fraturadas: as superiores trincadas, as flutuantes quebradas.

domingo, 17 de março de 2013

Luping emocional

Em brados controlados, o garoto esbraveja palavras de confusão funda em medíocre português. Mentes tudo de mente vazia, grafando incongruências tão quebráveis quanto meus pés de bloco de gelo - visto calçados de iglu, para sossegar a ardência que escorre por minhas pernas.
Sufocada por uma sacola plástica - gratuita em mercadinhos cotidianos e nunca considerados - teu quarto é de prateleiras de suposições e ofertas ilusórias de preço baixo: são impostos camuflados!
A madrugada é confeitada com um orvalho tão frio! Luto para não senti-lo resfriar os cabelos. Hora réptil, hora aracnídeo, hora lebre - saltito pelos reinos naturais, buscando adjetivos e um consequente quarto de hora de plenitude.
Quero calmaria mas sou escrava do desejar-te visceral, da linha do tempo onde sou designada a ser farol. Estendo a mão transcendental à ti - empoeirada de granulos de diamante. 
Luping!
Aguardamos o arqueiro noturno invadir nosso lar indisposto e pachorra, estalar nossos ouvidos e fechar a mão de concha em meio seio esquerdo, como taça de vinho (...)

sexta-feira, 15 de março de 2013

Ritalina

Rainha da desatenção, humilhada no déficit. Expressão cabisbaixa, fragilidade de burrice causadora de raiva. No extremo da mediocridade, meu sistema nervoso entra em colapso enrustido: infarto calada.
Vou alçando voos e se conseguir soterrar a imaginação, bônus do aeroplano...

sábado, 9 de março de 2013

Sapatinho aspiral

Fora preciso  calçar sapatos de dança folclórica russa dois números maior, por conta de um tornozelo superficialmente exposto. Incômodo superado às pressas pela manhã, sendo o rumo do dia extenso e pensado com clareza somente após a blindagem de protocolo, baseada em duas xícaras de café. Montada em alguma espécie de animal terrestre-aquático, caminhara ao longo das horas arrastando retardo nos passos - pés presos em dois cascos de tartaruga folgados.
Em fusão delirante com o desejo de ser somente espírito errante, quando dera-se conta de que a vontade não era tão eficaz à ponto de vir a tornar-se real, entrara em uma caverna estreita e calada. O único eco era o estrondoso ruído de um balanço que peregrinara pelas ondas sonoras até conhecer seu fim naquela abóbada ordinária e seca.
Para sair,  árduo combate na calçada - de lábios de azedume feito Saara e carne infrutífera. Em síntese, ser inorgânica é sonho. Até mesmo o amado frio perdeu-se chocando-se com ondas de calor psicossomáticas da pele. 
Cólera que apossara-se em forma de palma de mão enrolada no coração! Costelas impiedosas trancafiando o músculo visceral. Passam-lhe por debaixo das grades costelares um único indício de luz natural: pão d'água.  Aquela palma de mão nunca deixará a mesma posição? A queda das barras ósseas deveria acontecer em um solitário golpe certeiro, que concederia a liberdade ao espectro  prisioneiro - exilado.
Conduzida pela memória arrombara a porta de casa. Tirara as meias, há sangue recente manchando os dedos: espanto pelo incompreensível que verte da pele intacta! Pensara que tivera origem no desconhecido pois a fissura era no tornozelo! Nas lágrimas de bocejo sentira o sabor tão amargo do fel da noite, da intragável memória de amor pairando. 
Sangue recém coletado, virgem na pele enfurnada onde jaz a ausência solar por toda a infinidade cósmica. Jardim dos pesadelos da existência em que chegara amparada pelos sapatinhos que vestira pela manhã.
Excomungada do presente, calejada na alquimia arteira e nem por isso menos membra do grupo de risco ao colapso. Ouvira os mais variados sons - parecendo-se com a bomboniére sortida que é sua organização mental.

Mulher aracnídeo

Ressalto que fazem míseros vinte minutos que a vítima deixara a câmara de tortura. Indizível ambiente pintado de violeta, cápsula doentia onde repousa o aracnídeo - que drena sentimentos como viúva-negra e espanta-se com a má conduta e culpa que é não se importar.
Vidros que dão acesso ao íntimo do espírito, são infinitos também quando realizando strike de estilhaços. O frenético ritmo de quebra é o caminho que persiste e sangro pela segunda vez em menos de uma semana. Roubos espontâneos.
Deusa da reclusão, catástrofe humana. A memória trava os dias futuros - amaldiçoa as emoções e logo após quebra o trinco da porta de acesso. 
Encontro-me em uma palidez sinistra. Culpo entidades que só sei que existem - não as conduzi ainda à pia batismal. "Oscilações: sádicas!" exclamo em ode à fantasia.
Apresento-lhe meus aposentos, mostrando alguns mínimos detalhes.  Irreparável, submeto-os à zona de desprezo. Sedo-os com encanto febril e absolvo-me com o fato de não realizar isso conscientemente. Preciso cobrir com folhas de babosa todo este estrago... Preciso de um campo minado da planta de cura sempre à disposição. Sou reclusão e forjar isso é um grande enojamento, rezo para que chegues em casa sem perversões às minhas custas.
Débil, procuro emissoras de rádio que nunca tem número certo. Ecoam nos números seguintes, músicas fujonas de fragilidade crônica! Deem-me carona para desaparecer da vergonha: a terceira vítima foi-se pela ruela entre a avenida coronária da cidade.
O vidro da porta é sujo quando olho-te de fora para dentro. Aparências em guerra de milênios com as emoções: de dentro para fora a iluminação que irradia é cristalina. É simples! O amor está embutido.