segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Ecos de Chopin


Concerto para piano número 1, op. 11, de Frederic Chopin, é a extensão do que ecoa em meu peito, corre pelas veias e rapidamente desnorteia. O pequeno espaço tênue que há entre a arte e a alma, chamo realidade, onde o corpo físico habita com um primordial descaso - pois uma alma não precisa, como um todo, de um aglomerado de moléculas químicas para existir.

Há magia, no corredor daquelas notas tão doces e miúdas de certas músicas ao piano (...) Chopin, cheio de lirismo, pureza e encanto delicado. Frágil, sempre vestido com apuro, um romântico incurável em seus imortais 200 anos.

( Sempre estive e sempre estarei disposta a conceder o mundo à ti - embora teus ouvidos bem trainados saibam o caminho à seguir belos e sózinhos. )

26/09/2010

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Brilhe,seu diamante louco!

Agora é começo de madrugada, e penso em uma breve reflexão. Imaginei estar à uma hora dessas no mais profundo sono que eu pudesse ser capaz, mas realmente só imaginei - bem sei que minuto à minuto é jogada mais madeira seca na fornalha desse meu trem à vapor chamado pensamento.
Existe um dito breve, que refere-se à loucura como um passaporte para a genialidade. Ah, isso é a mais sincera verdade e citarei um exemplo incomum de tal prática, fugindo um pouco dos padrões - como os artistas com doenças psíquicas clinicamente tratáveis e etc. Refiro-me à uma "esquizofrenia" criativa e um tanto lunática, que passou a fazer parte da minha vida: Descobri que talvez possa usar tais termos para definir-me.
Meu aclamado e incógnito Pink Floyd, e em especial seu membro fundador Syd Barret. É verdade que muitas coisas não sei sobre sua vida - o princípio não é ser autora de uma biografia - somente entendo com loucura e sensibilidade magistrais sua expressão musical. Quando percebi já havia deixado a imaginação fazer seu trabalho e agora penso: Quantos mais "diamantes loucos "estão perdidos mundo à fora? Andarilhos.
Isso não entristece-me. Penso que, para almas assim errantes, não há um objetivo especificado ou um momento marcado para a morte : A vida ter seu término no mais absoluto anonimato é uma conquista pessoal. Deixo-me ser este "diamante louco", como diz à apoteótica música Floydiana para o "lunatic" Syd.
Minha sincera realização é a elevação dos horizontes, formas de expressão. Como tantos artistas sinto a necessidade gritante de exalar para fora do corpo uma tempestade de emoções. Agora lembre-me de "Sonata tempestade", de Beethovem - mas tanto já falei dele aqui! É alguém para se pensar sem parar. Hoje quero deixar aqui um pouco dessa "psicodelia criativa", que me assola...
18/09/2010

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Deito a cabeça, no travesseiro abaixo do solo
Os flocos brancos da nuvem gelada vieram cobrir meu corpo
Nesse inverno onde onde o orvalho enfraquece a paixão
Das flores no jardim.
Outro tempo, outro dia... A face jamais permanece rubra
Por um momento mais.
Ao virar as costas, deixo um coração de pedra sózinho
E sigo para o lugar onde os calados dão-se as mãos,
Onde o céu fica logo à cima -
Onde os sonhos de amor são puros.
15/09/2010

quarta-feira, 8 de setembro de 2010


Tenho de conviver com o fato de ter muitas opções na vida, muito o que pensar, e lá perder-me. O tal do livre arbítrio.
2/09/2010


Sou a voz tímida que sussurra ao pé do teu ouvido;
O ruído inquietante de passos de mulher, na lajota do teu corredor;
No silêncio impiedoso de certas noites.

8/09/2010

Aniversário

Chega a data em que pela primeira vez abri os olhos cor de mato para à luz. Dessa vez, não tenho a ilusão de celebrar o dia - não há nada para ser comemorado. Quando chega esta época do ano, vejo o quanto o tempo passou e permaneci escorada no muro da estação de trem, observando incansavelmente o ir e vir das pessoas, da maria-fumaça, do relógio gigante... Da vida que seguiu.
Meu dia quatorze  meu temido dia quatorze, meu infeliz correr de tempo, meu desgraçado símbolo de contar os anos. Foram-se as ilusões da colorida infância, onde aguardava-se ansiosamente tal dia - era uma felicidade sem explicação alguma. Nem mesmo lembro-me de tais comemorações, o que resta são só fotos e velhos filmes. A única face de aniversário que conheço é a que vos digo: Solitária e Lúgebre. Nem se ao término da madrugada o sol aparecer gracioso, o dia será concertado - não encho-me de esperanças com mais remendos.
O livro do meu destino vai sendo devorado pelas traças, aos poucos. Creio que por isso quando chega a hora marcada para algum tormento ele vêm já mastigado e destroçado - quando achei que seria feliz foi uma ironia dos insetos.

14/09/2010


Novo ambiente

A fase de adaptação à um novo lar é algo penoso. Existe algo na atmosfera, como um desconforto, e impregna-se na pele. Se algum dia imaginei uma situação assim, na imaginação foi bem menos doloroso.
Lá, deixei muito mais do que a mulher que condenou-me à vida: Deixei naquelas paredes parte das minhas mais profundas lembranças. Sinto falta do quadrado que por tantos anos chamei de quarto, onde tantas vezes fui das trevas para a luz e vice-versa. Sou uma apegada as coisas antigas, uma triste romântica sem solução - uma nova morada deveria ser a injeção de ânimo para uma "nova vida". Deveria.
Vivo em um "ambiente" à parte, onde um piano ressoa sem cessar. Queria poder enxergar as emoções e sentimentos com simplicidade, na sua intensidade real, como a maioria das pessoas que me rondam durante os dias - à elas passo de lunática para despercebida.7/09/2010