domingo, 17 de novembro de 2013

Exílio parte 47

A relaxadura dos músculos é um estado delirante de transe.
Não há amarras, não há doença: é faca coçando a veia, trazendo condimentos de tesão e penso que sortudos são os que não precisam amar exacerbadamente.
(Meu corpo é tão miúdo,
- Tentei apossar-me de outro homem e terminei por desamar toda uma vida.)

Eu e Gato Syd jantamos.
Tomo o leite fresco, ele come a ração.

(Depois trocamos)

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Tempus fugit

 I
O temporal é sediado pelo cobre da minha cabeça.
Há raios por toda a volta e pavor da condução direta.
Todos os afogados estão agonizando comigo - esconjurados e maltrapilhos
Aguardando a maravilha que é a exaustão - e pena ser somente nesse estágio do ponteiro alucinado, que marca a pressurização do meu vácuo.
Não há como estar aqui e não engrossar - na redenção das águas
E de tudo, o que prende-me é o canto das gaivotas e suas inúmeras flanges.
O resto arranca-me sequenciais bocejos, amparada pela falta de carinho pesado dos teus passos -
vindos de onde os acordeões ofegam,
rodeados de inúteis paliativos, cansados de agressividades - 
silenciosos como nossos corpos já azedos.
No paraíso que não chega após vinte anos de febres internas, esbravejo:
estorno ou sossego! Amor estorvo!
Querendo sutil, voltar a ser embrião.

II
Apaixono-me por seres pinçados na areia em que, incansável, encalho. Mostrando os dentes tenho dúvidas sabáticas, suportando vilões mais treinados do que eu na arte do desdobramento.
Todos os homens de sangue grosso, fazem-me constipar intuições. Agora não há mais salvação do procedimento:
evaporarei com minha acetinada frigidez.

III
Choro no vale de escolher tocas.
Confiem quando o tal fim que a intuição vos fala, em altíssimas afetações gritar.