terça-feira, 26 de outubro de 2010

Teatro para si próprio


Queria que viessem até mim todos os bilhetes de amor que nunca foram entregues, os tais que condenados foram ao exílio interior de cada amante. Endereçadas à mim as perguntas sem respostas, as frustrações. Alguns chamariam de "conselho amoroso", ou talvez consolo. Mas basta olhar para dentro de si e aceitar que lá existem emoções, de todas as suas formas - não importa o quanto se resiste. Fico ressentida pelos temerários cheios de orgulho, que permitem à felicidade se afastar, com indefinível naturalidade...

sábado, 16 de outubro de 2010

Conclusões de bar

Era um típico sábado à noite no meu cotidiano: Melancólico, sem rumo. Já era tarde da noite quando acomodei minha figura deprimente na mesa de um bar, que lá estava, no final da avenida.
Possuo simpatia por um pequeno grupo de lugares, e estes, peneirados com muito zelo. Por isso  naquela noite resolvi apostar em algo que talvez pudesse render-me, no mínimo, algumas risadas - Pedi a clássica garrafa de vinho barato e limitei-me à observar as pessoas.
Muitas vozes gritando ao mesmo tempo, música inapreciável nas caixas de som- até que uma voz de mulher, carregada de revolta e emoção emergiu acima das demais. Logo, já havia ignorado o ambiente fétido e seus ruídos: queria mesmo era ouvir o que a tal moça iria dizer.
Falava de relacionamentos amorosos, claro. Estava acompanhada de duas amigas, as três muito distintas. Naquele momento, o assunto à ser discutido - e por que não, filosofado - era o motivo de sua última aposta sentimental não ter se desenvolvido. Até que, a moça que despertou-me a atenção, chega na magnífica conclusão de sua questão desoladora: "Já sei! É que eu não estava com meu mini-Santo Antônio na bolsa!".
Queria que todos os problemas fossem assim solucionados, eis a conclusão.
16/10/2010

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Amor felino



Pequena existência, que tanta companhia me faz, veio à mim em uma chuvosa e nublada manhã de sábado. Vi aqueles verdes e tristonhos olhinhos na minha direção e logo não tive dúvida: Este é Syd, o mais peculiar felino da feira de adoção.
Já nos primeiros dias de convivência vi o quanto especial e incomum é este gatinho de nariz rosado. Possui a vivacidade de um típico filhote, mas acomoda-se ao meu lado e lá fica, horas e noites inteiras, derretendo-me com seu ronron. Sabe não deixar-me só.
Não lê poesia, mas sei que entende e também sabe deitar sobre minhas folhas de caderno e lá ficar, sem me deixar escrever por seu capricho de gato. Ao nascer esteve doentinho, por consequência não cresceu muito e não irá crescer; posso ver seus maus momentos de abandono em seus olhos e comportamento afetivo. Pois então, somos uma bela dupla.
Nunca imaginei dedicar tamanho amor à um animalzinho. Syd tornou-se muito mais do que um bichano de estimação: É meu consolo, meu filhote, minha companhia.
13/10/2010

Reflexo

Se um dia lembrares do teu espelho,
de moldura dourada e cheio de finezas,
Permita à teus pés te guiarem até onde o deixaste naquela noite,
- Há tantos anos, no canto do teu palco ja abandonado.

Quando levantares o pano negro que o cobre,
Verás a vida que exilastes: O mero reflexo que sobrou da bailarina
- Que no antigo teatro costumava dançar (...)

13/10/2010

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Nietzsche e Goethe

"Abençoados os que esquecem,
pois aproveitam até mesmo seus equívocos."

Nietzsche

"Somente aquele que foi o mais sensível pode tornar-se o mais frio e o mais duro, para se defender do mais pequeno golpe - e esta própria couraça lhe pesa muitas vezes."

Johann Goethe