domingo, 27 de março de 2011

Breve mensagem

Cansada de ser espectadora da ignóbil postura da esmagadora maioria das pessoas quando lhes são oferecidas oportunidades de conhecimento e crítica, resolvi deixar aqui uma pequena passagem.

Nós, seres racionais, disperdiçamos tanto tempo de nossas vidas reparando nas alheias ou perdendo tempo com futilidades. Eis que, quando surge uma oportunidade de nos instruírmos através de teorias e comprovações científicas, não nos estimulamos a tal ato. É menos trabalhoso especularmos e crêrmos em contos mistificados que disseminam-se por aí. É necessário refletir sobre o que o futuro nos reserva!
Senso sobre "cidadão": cumpra seus deveres = não conheça seus direitos, continue sendo arrastado pelo câncer colossal que se espalha para todos os cantos chamado "dispositivos de controle". Olho em meu torno, e, sinceramente, não queria estar viva para presenciar os olhos de pavor que surgirão propriamente da "grande massa" quando o clímax do nosso organismo vivo, chamado Terra, chegar por completo e provocar mudanças radicais. É fato que só permanecerão aqueles que possuírem conhecimento, e logo, capacidade de adaptar-se psicológicamente, fisicamente, socialmente e ambientalmente.
E para finalizar essa breve reflexão nesse começo de madrugada, baseada na fantástica luta do povo libanês, espero que bons ventos varram o Oriente, e mais ainda, que cheguem ao Brasil e façam de Brasília uma terra com lei sem privilégios políticos.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Fóssil

O estreito fresco rodeado de natureza da minha cidade-berço, hoje especialmente gerou-me arrepios e um som macabro do deslocar dos ossos enterrados confortavelmente em minhas paredes. Foi dia de cantar um novo parabéns para os mais de duzentos que minha encantadora Porto Alegre já recebeu e permitir que colidissem dois amores implicantes, um rotineiro e um virado em fóssil - em uma tacada só.
Mutilamento? Não. Diria Abandonar do Sarcófago. Em meio a rostos indigentes surgi, mais omitida ainda, não simploriamente rachada para o som da música que era tocada entrar. Era vulnerável, na mira dos olhos assustados, críticos e ainda assim mantive os pés cravados na arena.
Em primeiro momento só os acordes fielmente executados aproximaram-se, mas não demorou até a ossada ter vontade própria e entrar em frenesi. Meu semblante era vago, segurando a razão como quem segura um filho em choro extasiado- saciando-me de teorias, para não causar alarde público.
Tal mal-estar e soluções surrealistas não combinam com o abafado verão que fazia na tarde: era pra ter sido um típico dia de outono. O calor faz o tempo curvo atrasar sua passagem, e obrigou-me a recorrer às suas fendas, que supõe-se na física quântica existir. Confirmo na minha prática!
Não tenho predicado, só um coração sem sujeito e anomia sentimental completa.
20/03/011

segunda-feira, 21 de março de 2011


"Você tem que criar a confusão sistemáticamente, isso liberta a criatividade.
Tudo o que é contraditório liberta a criatividade."

Salvador Dalí

Exílio parte 16

A música da sala de dança teve hoje o caminho desimpedido para atingir minha esfera fraca. O curso mais uma vez havia sido permitido, uma vez que o hímen de proteção rompeu-se.
Sinto uma espécie de revolta interna, por constatar o quão frágil foi meu esforço durante um razoável período em termos de tempo. Separar as dores atemporais no coração, afinal, requer um hímen mais elaborado, à prova de estupros.
A fenda sangra, depois de aberta ao mundo externo. A caixinha putrefada não aguenta o som do piano - lateja - e tento apartá-la levando o corpo ao esforço físico exagerado...

Desdita

O que dói mesmo são as coisas atemporais. Pensamos que - já acomodadas - não corroerão mais tecido, apenas permanecerão petrificadas com o dolorido de sempre. Syd espreguiça o corpinho peludo entre minhas pernas, molinho, e cai no sono de filhote exausto ao passo das minhas conclusões: Equívoco Ingênuo.
A contagem dos dias deu lugar à contagem dos meses, que logo cedeu o posto à chegada primeiro ano de uma fragilidade tênue entre raiva e saudade. Revirar o mundo em busca de notícias tornou-se puro hábito, pois à duras penas aprendi que amar agora é não saber - maneira do amor ainda existente sossegar, quietinho. Mas para minha desventura cruel o inesperado ronda-me. Segue meus passos nas sombras das ruas e justamente sem levantar suspeitas.
Então sinto a sensação de que deveria procurá-lo, porém...
Os criminosos são sempre incertos e sórdidos.