quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Episódios de rumo a toca e consciência

I
Entro na porta do prédio - com travadas bruscas cerebrais, em pé por afetação - e sou atacada por um inseto enorme, barulhento e oprimido pela falta de espaço do saguão. Sem escolha alguma, minhas mãos doeram de vontade de devorá-lo.
Digo, que o veneno de sua possível picada, é a tortura que causa todo aquele ruído do bater de asinhas - ou por onde quer que saia o som de seu diminuto corpo.
Livro-me dele, monstro singelo, ainda sem certeza. Enroscou-se dentro da minha calça?
Revelo agora, o que o incômodo inseto disse: "A noite está sendo boa e todos vocês vivem."
Respondi "Vivem e desabrocham como insetos carnívoros, na idade de flor da vida. Miseráveis, corcundas e com a cabeça pesada em demasia."

II

As voltas são corridas solitárias e desconfiadas, priorizando - em crise - o medo apenas. Entro em casa como que crente em algum santo milagreiro.
Chego a toca, na ala exílio - onde corpos desejam dormir entrelaçados - e sedenta não posso! Escorrego sob a ótica da moléstia, da cadeira para o assoalho - tão acolhedor e imprescindível quando a cama. Aceito o cansaço e por ali faleço, cônica e flácida nutrindo-me de todo o químico para a putrefação.
Sonho de seio e mar, o tempo me dói de vontade de devorar a distância mediterrânea que nos separa! Penso, reclamo ao cosmos e esbravejo uma ausência prematura, em malemolência clemente pelas noites à fora.
Te aguardo e dispersa sobrevivo. 
As estrelas que um dia, no telhado, rogaram-nos paixão são as mesmas que agora debilitam-me na tua falta: abro a janela e galanteio os astros, com o melhor senso de humor terrestre. 
Certeiro, tua voz grave ecoa em meu aposento.