segunda-feira, 24 de maio de 2010

Dr.Watson: Por que não se alimenta?
Holmes: Por que a mente funciona melhor quando se passa fome. Ora, meu caro Watson, como médico você precisa admitir que o sangue usado na digestão não vai para o cérebro. E eu sou um cérebro, Watson. O resto é mero apêndice. Portanto,preciso pensar no cérebro.

Ah, Holmes entende minha maneira de viver.

Dois corpos

...Ele repousava sobre o seio dela, redondo e macio, ouvindo suavemente o pulsar de seu coração ao pé do ouvido.Lá ele adormeceu, protegido...Quente,em meio o aconchego delirante do corpo de mulher. Tão doce e branca, envolvia-o em voluptuosas sensações: Ele dizia ser "o melhor lugar do mundo". Dois corpos apaixonados entrelaçados, desejando parar o tempo naquele momento. Dormem, abraçados - um é parte essencial do outro. Acordou, ainda sonhando, e passa seu braço levemente sobre a cintura fina da mulher, e depois, pelas curvas ds lindas costas desliza suas mãos. Desperta-a do sono, direto para o amor inexplicável que os dois sentiam ao primeiro toque do amado: Nenhuma palavra precisava ser dita, apenas um sussurado "eu te amo".

17/05/2010

" O amor de verdade não se esquece, se SUFOCA. "

Poeira Espacial

Lia é uma poeira que vaga, sem rumo, pelo cosmos.
Perdida no infinito do espaço, vê o universo em inércia quase total - há alguns pontos brilhantes que às vezes acenam à ela ligeiramente, dando-lhe boa-noite.
Boa-noite, não desejando um bom descanso, pois todos sabem que nunca pára: o vento não pára. Boa-noite, para que bons sopros levem-na, na companhia da lua. Vagar à luz do luar é como estar acompanhada todos os minutos - a noite e sua beleza são suas eternas damas de negro e branco.
Quando mais evolui, menor fica ao plano comum da existência: ao uivar da tempestade que aproxima-se ela é soberana. Mesmo na brisa mais frágil - que leva os cabelos em um dia de sol e frio - é ela em um passeio diurno... O sopro que varre as ruas imundas e,que nos dias de feriado, é absoluto.
Lia deixou de ser parte da mobília de um quarto para ser uma poeira cósmica. Troca justa, pois vagando junto ao vento ela pode crescer : as portas não ficam cerradas - para um fragmento do vento não há portas.
Leva consigo, a última folha que despencou do outono*.

9/05/2010

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Exílio parte 6

A memória é só o que resta - e a lembrança o estopim da saudade, que desce sua lâmina fina sobre meu corpo.
Ao acordar pela manhã é como se o arquivo de alegria da noite passada tivesse sido queimado: respiro-o em todos os despertares como se pela primeira vez. Vejo-o quase que algumas vezes - sempre de costas para mim - perdido nas madrugadas frias e chuvosas. Por tantas vezes desejei correr e abraçá-lo! Tão desamparado, ao relento da noite. Mas, tive de seguir caminho, desbravando a neblina (quem agora madrugada à dentro perdia-se era eu) e não pude voltar : meu coração insistia, debatia-se no peito, gritava! Queria dar meia volta (...)

8/05/2010

sábado, 1 de maio de 2010

O perfume que as rosas ainda exalam


Estou enfrentando o tempo, intempestuoso e aterrorizante. Ele é irremediável: Arrasta os sonhos, os desejos e as preces. Decreta o fim dos amores e os mergulha no mar profundo do esquecimento, onde há, para os loucos românticos - como eu- uma fina linha tênue que o faz permanecer ligado ao presente, para sempre.
Há batalhas que não se pode ganhar com a obliquidade do destino, mesmo tendo lutado o tanto quanto pode. Não arranquei dele a morte do nosso amor, e, quanto aos restos, só o tempo desvendará os escritos até então indecifráveis.
Sentada no sofá aveludado, a chuva que cai lá fora nesse 22 de abril, quebra-se no vidro e desfaz o silêncio - que certo dia achara uma bela morada nesta casa. As emoções dançam... Nada jamais mudará em mim. O café ruim esfria; perdi-me mais uma vez no vácuo.
Nunca mais andei tranquila pelos parques e suas estradinhas floridas, desde que ele foi embora. Sou irremediávelmente tomada de amor, e assim, abro os livros onde guardei as rosas que ganhei dele, e lá está a felicidade de outrora imortalizada, seca e bela. Ainda sinto seus perfumes... Como no dia em que trouxe cada uma delas.
O perfume, tão sutil, é o amor vivo e intocado : Como tudo o que é vivo, morrerá só junto à minha carne.
22/04/2010