sábado, 1 de maio de 2010

O perfume que as rosas ainda exalam


Estou enfrentando o tempo, intempestuoso e aterrorizante. Ele é irremediável: Arrasta os sonhos, os desejos e as preces. Decreta o fim dos amores e os mergulha no mar profundo do esquecimento, onde há, para os loucos românticos - como eu- uma fina linha tênue que o faz permanecer ligado ao presente, para sempre.
Há batalhas que não se pode ganhar com a obliquidade do destino, mesmo tendo lutado o tanto quanto pode. Não arranquei dele a morte do nosso amor, e, quanto aos restos, só o tempo desvendará os escritos até então indecifráveis.
Sentada no sofá aveludado, a chuva que cai lá fora nesse 22 de abril, quebra-se no vidro e desfaz o silêncio - que certo dia achara uma bela morada nesta casa. As emoções dançam... Nada jamais mudará em mim. O café ruim esfria; perdi-me mais uma vez no vácuo.
Nunca mais andei tranquila pelos parques e suas estradinhas floridas, desde que ele foi embora. Sou irremediávelmente tomada de amor, e assim, abro os livros onde guardei as rosas que ganhei dele, e lá está a felicidade de outrora imortalizada, seca e bela. Ainda sinto seus perfumes... Como no dia em que trouxe cada uma delas.
O perfume, tão sutil, é o amor vivo e intocado : Como tudo o que é vivo, morrerá só junto à minha carne.
22/04/2010

Nenhum comentário:

Postar um comentário