segunda-feira, 24 de maio de 2010

Poeira Espacial

Lia é uma poeira que vaga, sem rumo, pelo cosmos.
Perdida no infinito do espaço, vê o universo em inércia quase total - há alguns pontos brilhantes que às vezes acenam à ela ligeiramente, dando-lhe boa-noite.
Boa-noite, não desejando um bom descanso, pois todos sabem que nunca pára: o vento não pára. Boa-noite, para que bons sopros levem-na, na companhia da lua. Vagar à luz do luar é como estar acompanhada todos os minutos - a noite e sua beleza são suas eternas damas de negro e branco.
Quando mais evolui, menor fica ao plano comum da existência: ao uivar da tempestade que aproxima-se ela é soberana. Mesmo na brisa mais frágil - que leva os cabelos em um dia de sol e frio - é ela em um passeio diurno... O sopro que varre as ruas imundas e,que nos dias de feriado, é absoluto.
Lia deixou de ser parte da mobília de um quarto para ser uma poeira cósmica. Troca justa, pois vagando junto ao vento ela pode crescer : as portas não ficam cerradas - para um fragmento do vento não há portas.
Leva consigo, a última folha que despencou do outono*.

9/05/2010

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