quarta-feira, 23 de março de 2011

Fóssil

O estreito fresco rodeado de natureza da minha cidade-berço, hoje especialmente gerou-me arrepios e um som macabro do deslocar dos ossos enterrados confortavelmente em minhas paredes. Foi dia de cantar um novo parabéns para os mais de duzentos que minha encantadora Porto Alegre já recebeu e permitir que colidissem dois amores implicantes, um rotineiro e um virado em fóssil - em uma tacada só.
Mutilamento? Não. Diria Abandonar do Sarcófago. Em meio a rostos indigentes surgi, mais omitida ainda, não simploriamente rachada para o som da música que era tocada entrar. Era vulnerável, na mira dos olhos assustados, críticos e ainda assim mantive os pés cravados na arena.
Em primeiro momento só os acordes fielmente executados aproximaram-se, mas não demorou até a ossada ter vontade própria e entrar em frenesi. Meu semblante era vago, segurando a razão como quem segura um filho em choro extasiado- saciando-me de teorias, para não causar alarde público.
Tal mal-estar e soluções surrealistas não combinam com o abafado verão que fazia na tarde: era pra ter sido um típico dia de outono. O calor faz o tempo curvo atrasar sua passagem, e obrigou-me a recorrer às suas fendas, que supõe-se na física quântica existir. Confirmo na minha prática!
Não tenho predicado, só um coração sem sujeito e anomia sentimental completa.
20/03/011

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