quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Aniversário

Chega a data em que pela primeira vez abri os olhos cor de mato para à luz. Dessa vez, não tenho a ilusão de celebrar o dia - não há nada para ser comemorado. Quando chega esta época do ano, vejo o quanto o tempo passou e permaneci escorada no muro da estação de trem, observando incansavelmente o ir e vir das pessoas, da maria-fumaça, do relógio gigante... Da vida que seguiu.
Meu dia quatorze  meu temido dia quatorze, meu infeliz correr de tempo, meu desgraçado símbolo de contar os anos. Foram-se as ilusões da colorida infância, onde aguardava-se ansiosamente tal dia - era uma felicidade sem explicação alguma. Nem mesmo lembro-me de tais comemorações, o que resta são só fotos e velhos filmes. A única face de aniversário que conheço é a que vos digo: Solitária e Lúgebre. Nem se ao término da madrugada o sol aparecer gracioso, o dia será concertado - não encho-me de esperanças com mais remendos.
O livro do meu destino vai sendo devorado pelas traças, aos poucos. Creio que por isso quando chega a hora marcada para algum tormento ele vêm já mastigado e destroçado - quando achei que seria feliz foi uma ironia dos insetos.

14/09/2010


Nenhum comentário:

Postar um comentário