terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Trubunal dos erros

Um dia todos vertem de si as cóleras causadas, ainda que não saibam o porque quando o tempo resolver que chegou a hora. Os pecados escolhidos para serem ressarcidos são então finamente selecionados: justificar o sofrimento alheio como provocado por "desejos e sacrilégios propriamente humanos" não o situa na categoria do "fardo que não se pode escolher", ou seja, o erro não pode ser justificado pela mediocridade de, assim, simples - ser.
Não tenho mais forças para descrever o mal que tuas atrocidades cometidas causaram-me e ainda causam. O aniquilamento da vontade de viver é irreversível? É em vão todo o esforço que faço para inundar-me, por três segundos, de esperança: os desejos positivos e energéticos duram como pilhas desgastadas pelo uso indevido...
Sempre ao fechar os olhos sinto vertigem  Sensação de profundidade. Não sou dona do meu espírito, o corpo é só uma morada com prazo de validade e penso que não será nesta a realização plena, ressarcimento, que o perdão divino será alcançado. No ciclo atual, pago por alguma atrocidade cometida em vidas anteriores. Como tudo é regido por forças superiores, encontro-me neste tempo e da maneira como estou para ligar-me ao destino de outras pessoas e assim tornar possível o cumprimento do plano divino - as existências são interligadas.
Penso que todo o mal que fizestes à mim, fez-me e faz-me pagar pelos erros anteriores, assim como é chegado teu momento de redimir-se - se voltares para meu seio, por mais que o ame como a lua ama o céu, não conseguirei evitar te fazer sofrer. Tornaste-me assim. Como disse, tudo é conectado e nada é por acaso! Tem que ser assim para que o universo continue seu curso. A culpa o fará voltar, a punição será a rejeição? Sou um coelho branco e roliço, saltitando para lugar nenhum... O sofrimento desumano transformou-me nisso, solitária, como condicionei-me a ser, perdi a capacidade de fazer outra alma alegrar-se ou proporcionar prazer de existir.
Jamais superarei...



(Gostaria de engrossar as lentes e não ver com clareza o céu encoberto e a solidão dos corredores. Deixe-me escutar uma última música, como o som das asas de uma borboleta que há tanto não se vê pairando no ar - no meu cômodo vazio.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário