sábado, 28 de novembro de 2015

Quando me visito, o que há de branco que faz os olhos flutuarem desespera por economia - por exílio na Tebaida, sem saber se é nas quatro paredes manchadas pelo mofo em que habito.
Algo me impele para o outro lado. Sobretudo o excesso de claridade do verão, em que tudo é desfixo. A possível luz que vem das vitrines está noutro porto - aquele do outro lado do mar. E tempestuosa é a travessia, como se ela se movesse e eu não me mexesse.
Ouço o caminhar de cada criatura que divide comigo as noites e os dias ao redor do pequeno barco. Deixo-os, mesmo quando quieta, continuarem a me acalmar. Isso nunca havia acontecido. 
A organização do quartinho é à deriva. É necessário movimentar-se muito - alguns peixes difíceis tem olhos grandes e redondos, mas as cabeças parecem se ajustar - observo. Já por mim, é muito intempestuoso reclinar a cabeça na madeira macia. A mulher pensativa não pode dirigir-se a janela sem chorar um misto de saudades da vizinhança e exigências do amor. É possível apenas um abraço de anseio.
Parece-me o auge não enxergar o fundo da pequena baía em que me encontro. Penso em arrastar no lodo inicial, todo o sangue que guardo comigo e instruo-me a não dar importância - ao remar com o bambu encontrado ainda na margem. 
Espero livrar-me do típico caráter de atribuir a travessia a uma tampa, como se lembrasse que abaixo dela estão as constantes reconciliações vitais consigo mesmo, cozinhando.

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