sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Exílio parte 51

Quando algo aproximou-se saindo da opacidade, mais lento que nós próprios, por assim dizer, o espelho não acreditava naquilo e sonolento como é, não repetia o que dizíamos a sua frente. Ele fica na sala arredondada inesgotável, com espíritos circulares dispondo de tempo e memória.
Comeram todos os cartões de visitas, comeram minha dor de cabeça, comeram tudo onde grafei meu nome. Restaram algumas carícias afetadas no primeiro estágio elétrico do sono, observações atrás da cavidade ocular que conectam-se aos campos do inaudível: persigo minha verdade emocionada oculta no frágil biombo do despertar de sensações. “A misteriosa fraqueza no rosto dos homens”, lembro de Sartre.
Na minha volta, natimorte dos desejos. O que pergunto-vos? As mesmas palavras. O que sabem a mais? A informação de controlar uma ação. Não tenho parâmetros (bola igual quadrado vezes x é a própria saia, que fez-se ouvir um murmúrio, brado de suas pregas, num roçar de sortilégios) para medir a falta de separação dos gestos jogados no mesmo saco. Não acesso teu padrão; finges que és estruturado? O jogador da manhã é diferente do amante noturno. Acompanho teus movimentos natatórios em que sou sequestrada - te dissipas - e não passas ao lado das 399 camas (de um modo geral, a morte individual não é algo tão bem feito, mas isso também não importa. Quem ainda dá alguma coisa pela morte bem acabada?).
Reclamo comigo mesma, que meço distinções às cegas.
Espere, sobre o perecer do conhecimento - que é prurido.
Apareça, apenas para a saciedade do perfume.
( Os melancólicos sorriem como dançarinas ao terminar as piruetas à maneira dos ursos enjaulados.)

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