quarta-feira, 9 de abril de 2014

Espera

Do perigo das agulhas e lâminas foi feita a reparação.

Tu te costuras no próprio viés.
Faz tudo sob o céu encaixotado, onde na mudança os antigos talheres desgovernaram-se e ultrapassaram a cozinha desmembrada. És do tipo solene e talvez digno das especiarias que o tempo te deu.

Com um tantinho de veludo cavei abraços.
De coração resoluto buscando amor até o fim, empenhada tal como os invisíveis só supondo - enquanto de costas sigo o ronco do teu respirar.
Dão-se as mãos magricelas, forjadas na porcelana simples e minha fé cai aos pés trêmulos - premeditando um abismo do tamanho da constelação deformada acima do coração.

Vejo teu peito de ossinhos nus pela fresta da camisa, que penduram e desabotoam meu ser,
na roupa em que não há cheiro de dureza ou doença.
Leve e espiritual agora morando na abertura do côncavo dos seios
Onde algumas gotas do óleo inesgotável do ser amado despencam.
Corro, escondendo as mangas!
Pois do meu azeite são feitos os fios grudentos,
intervindo brevemente, mais lento do que a própria opacidade em felicidades mancas:
Parábolas são sorrisos em inversão, de esperas e esperas, arqueadas na solidão.

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