quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Exílio parte 27

Ouve respirações ofegantes em suas costas, atrás da música de Chopin. Hoje até a pouca felicidade é ilusória, por isso dizem que sopros de cura do universo salvaram a pequena Lia. Noturna, que têm passado as noites abaixo do claro amarelo do abajur - sangrando e inutilizando os lençóis.
A semente fora expelida sem piedade: foste expelido, por dias à fio, com aflitivas crises de pranto e dores de baixo-ventre insuportáveis. E ainda és! Algo espera uma decisão para cessar o martírio. Avisos frios, desesperados, têm surgido. Causam-lhe raiva,pois não há como ignorá-los: é punida pela própria falta de amor a si mesma.
Diante de sua situação disfarçada, confessa-se a exaustão, debilitada sem consolo. "Ele ainda trocaria teu amor por noites de farra minha querida, e após sete dias, por hoje, busque sonífero." Digo-lhe pausadamente.
O mundo toma outras formas quando estão juntos, porém a menor distância apaga a presença de Lia. Leva as mãos ao rosto, os dedos grudam no rímel deixando rastros negros no rosto pálido... Sua doçura torna todo o resto demasiado descolorido e frágil?

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