domingo, 4 de julho de 2010

Exílio parte 8


Não consigo escrever nada ultimamente que não seja um - denominado à tempos por mim mesma - "desabafo" . Tenho usado as palavras como calmante, distração, arma, não sei : Dê o nome que achar mais propício. Escrevendo aqui falo com meu interlocutor, imaginário, fruto da minha fuga da realidade.
Em noites como esta, trancafio todos os poros que possam servir de passagem para o desgaste mental que há além da porta do quarto. Deixo a música ao pé do ouvido, pois assim não ouço os sussurros solitários da doença dela - só eu sei o quanto são ensurdecedores, por mais lentos e cochichados que sejam : Ela não faz questão de que sejam perceptíveis só à ela mesma; parece ansiar pelo compartilhamento.
Então ouço Debussy e sua calmaria cheia de sonífero. O sentimento suave e de elevação da música até o céu falam por meu fatigado espírito. Diálogos do vento e do mar, faunos, canção para adormecer, neves que dançam, jardins... Uma lua que chora. É um pouco de mim. Ontem á noite ao fugir do plano intensamente, a música falou por mim, transmitindo
à todo instante o que eu gostaria de balbuciar e sentir, como em um filme mudo. Assim, comuniquei-me com minhas grandes amigas noite à dentro.
Bom, agora tudo parece mais calmo; chá doce e quente na xícara. Até ás lágrimas deram uma trégua. Mas o que acontecerá quando tentar dormir? Eu devo?
3/07/010

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