segunda-feira, 22 de março de 2010

Sonata quasi una fantasia

"(...) Ondulações silenciosas de dó menor sucediam-se, suas tonalidades misturavam-se e se dissolviam. Bem abaixo delas, oitavas vazias moviam-se com extrema lentidão, enquanto as ondulações dificilmente mudavam de nível. O efeito era de um conjunto de harmonia quase imóvel:
águas escuras perante a lua subindo no céu. Quanto um tema de fato flutuava acima(ainda pianissimo), era o princípio mais monotonal do que melódico. A nota em sol sustenido repicava suave e repetidamente. De vez em quando um nono menor, uma das dissonâncias mais penosas em música, fazia tremer a superfície do conjunto até que as ondulações a suavizassem por completo. Durante mais de seis minutos persistiu esse equilíbrio hipnótico de ação e inação, concentrando-se no paradoxo de um clímax sem aumento de volume: a música simplesmente se evaporava em um tipo de névoa espiralada que caía sem condensação."

"(...)Quando,depois de mais de três horas e meia de música,Beethoven iniciou o solo da iontrodução de sua Fantasia Coral,Op. 80, a música era quase tão inédita para a orquestra quanto para a platéia. Ele escrevera grande parte da partitura só no último minuto: a tinta na partitura de algumas vozes,segundo um participante,ainda estava úmida."

Edmund Morris,biografia de Beethoven,2005.

(Devorando-o e enlouquecendo,angie.)

Nenhum comentário:

Postar um comentário