Lia acertara o despertador para cedinho. Para a vida mudar. Tomara, somente após o ato, consciência da grandiosidade do futuro próximo - que virá correndo no piscar das horas. O caneco de vodka anteriormente perto de si, era tão grande quanto espesso, tal como uma janela blindada. Pensara: para que tal revestimento? A bebida, de qualquer forma, é previamente estipulada e desejada, para o indivíduo não fazer ideia de como chegou em casa inteiro.
Desde os primórdios da noite, ela estivera em uma encruzilhada tão densa que parecia pura energia magnética. Estagnada permanecera, em meio a demora da indecisão, em cenário urbano indo voltando, sendo racional e insegura. Batalha acirrada, ainda restava tempo de provar a si mesma que existe encanto e felicidade social que flui... E escorrega também em sua timidez pessoal. Para ilustrar primordialmente o desenrolar do alto questionamento que rolava na mente, fizera amizade com uma cadelinha, chamada Luna. Lambidas especiais sem dúvida.
Fora errada, com pessoas certas. Porém, sem mentiras: a boca seca fora somente um empecilho físico para beijos não acontecerem. Solução externada, de quem sente ainda um vazio severo no peito. Seu fundo, de certo, só pode ser feito de um inexorável limo! Situação contendo ainda gotas de ilusão, de uma despedida contornada por uma audição confusa - um "eu te amo" entrara na roda e não fora iluminado? Lia planara sobre as emoções em tempo integral, é cruel. Tornara-se bom não sentir suas moléstias! Entretanto, determinara um grande cessar fogo no paraíso forjado: será logo mais pura lógica e possível sentimento, afastada das ruas cravejadas de memórias, da ultimamente cinza, Porto Alegre.
Encontrará paisagens que tomarão formas novas e ricas, naturalmente- importantíssimo para a tal visão que Lia tem. Desprovidas de lembranças, propícias a sensações particulares! É lindo e tão simples pensar!
O vento, atravessará o espaço minúsculo entre seus fios de cabelo, sem arremessar dardos - ou poeira, como quiseres... o princípio é único: ambas não deixaram nunca de ser carregadas de veneno. Alquimia trabalhada para a agonia perdurar. Transmutará... transmutará e ela crê. Tivera um último cigarro oferecido, mas já não faria sentido.
Parece delicada, essa Lia: mas ou é por falta de um meticuloso observador, ou por que ninguém ousara ( ou não fora permitido) catar - com uma pinça - as lascas de madeira enterradas em sua pele, que são incontáveis detritos cósmicos. Cravaram, grudaram, é uma superfície de gozo para os obsessores! E portanto a maneira que aterrissaram é irrelevante... ficaram, vindos do espaço. Claro que marcas também não são remotas, afinal alguns corpos estranhos são expelidos sem substituto imediato.
- E é nessas brechas que o presente se contém, espremido. Habitualmente camuflado e logo após vívido como um trovão solto em uma melodia...
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