Meus pés estiveram descalços na relva. Os machucados abertos derramam um estranho líquido cor de cera quente, que verte da ferida mesmo após a noite de briga com o sono. Os lençóis estão empapados de suco grudento? Queria poder saber.
O massacre pede piedade: reviro então a geladeira - comunitária e empilhada de tudo o imaginável - em busca de algum resto de comida. Com a panela em mãos encosto-me no fogão e, de colher como criança, como o arroz com molho.
Logo após, resolvo sentar onde a corrente de ar passa -tão gelada! Cruzo as pernas e vejo a estradinha de gosma que une minhas úlceras frescas, ladrilhada com hematomas tão escuros! Quase nebulosas epiteliais. Mesmo a lembrança do gatinho Syd - que trouxe de casa gravado na arranhão na perna - foi enfeitada e agora imita pintura de aquarela.
Os vizinhos incomodam com suas conversas exageradas e fogos de artifício, fico contente que a brisa acalme minha cabeça que pega fogo - no plano visível também. De cabelos cor de cobre, finalizo minha obra de arte dolorida, pincelada no próprio corpo - ou carcaça.
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