Nelica e Lia costumavam ter em casa incensos de mel e ervas especiais, mas na manhã em que despertaram para cair dentro do carro e rumar para a praia, o escolhido fora um floral: aroma de jasmim. Assim começara o dia.
No quartinho da pousada em que aterrissaram não havia nada de bom, até a arrumação da cama de casal ser percebida: lençol caseiro, dois travesseiros e, opa! A fronha de um deles era maravilhosa. Repleta de flores, em certos momentos praianas, as vezes havaianas, talvez com um quê de prédios em fotografia urbana. Nelica apontara para a pintura modesta, que vestia o retângulo esponjoso de Gaia, dizendo: "Preciso desta fronha para mim. Vou levá-la comigo."
O odor de jasmim antes de sair de casa, ao certo, incitou-a a adorar qualquer planta açucarada que enxergasse, que surgisse diante de seus olhos durante a viagem. De relaxar em relaxar suscetivamente a medida que dirigia, batera de frente com a tal pintura resplandescente no dormitório.
Jasmim é a flor mais cheirosa do mundo. Do universo, quem sabe. Atrai e comprime o apego, é sempre percebida e surge um desejo inconsciente de tocá-la. Mas é cheiro! Ar - querendo ser palpável. A alma passa a ser atormentada, a pessoa enfeitiçada não poderá mais conviver em ambientes repletos de árvores floridas! Jardins passam a ser sofridos... Qualquer semelhança com o jasmim quando provada, é inesquecível. Fumaça que é tatuada.
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