Escorra, coração desvairado! Troque de lugar para mim contornar o que sentes, sucumbir-te, agora - de súbito! Imploro uma clemência, quiçá piedade, limpando-te com o mais alvo algodão...
Na presença de quaisquer seres ao meu redor, estou em confusão pois sou condenável. Não quero alguém novo, eu sou o ser de olhos estranhos. E quando chega as cinco da manhã - horário temido de silêncio intrépido, sem a opção de ser quebrado - o veredicto é bebericado em terrorismo: esgotada e calada sou toda ouvidos.
Rumo pelas ruas, cedo noite após noite ao desespero. Deveria estar descansando envolta nos meus lençóis limpos, de dentes soltos e sonhos livres. Bebendo de meu leite caseiro, mordendo o pedaço de pão sólido sobre a mesa da cozinha. Sem o doce prazer - enigmático - da euforia.
Se for para abandonar projetos que lembrem-me o antigo amor, terei de migrar para outra galáxia! Fico aqui por saudade. Caindo na desgraça do teu peito ser meu aconchego.
Não suguem-me, estranhos, com suas existências calamitosas. Negativismo? Não. É o tapa necessário, inevitável, ardilosamente surgindo. Astuto, corroendo a naturalidade.
Por favor, Gabriela, permaneça na luz sem firulas. A claridade é lógica, objetiva, confundida com audácia.
Pássaros do raiar do dia, não! Trompetes anunciando mais uma manhã. Trombetas não seriam, pois não são anjos de festim - são músicos de jazz, negros e presunçosos, despertando os inquietos. Afinal, por que não?
Tentando encontrar-me, deslizo de vez em uma das calçadas paralelas ao caminho dourado. Escorrego, no maior primitivismo, na ladeira de lama molhada - grudando nas flores secas e assim formando um novelo marrom escuro.
Onde pararei de girar? Os trompetes na janela realmente incomodam. Inacreditavelmente!
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