Condenada a arder no exílio. A vida nunca fora compreensiva - a corda permanece esticada até o limite do caos e é claro que se desfaz sem demora.
Arrebenta, despenco ao chão e a insulto incessantemente: se tua eterna vontade é ver-me debruçada- onde possa estar à mercê de pés nervosos que fervilham, caminhando, pisoteando-me - por que adiar tanto o momento em que estarei presa, em definitivo, às lajes de terra? Concreto?
Ao longo da espera desenvolvi métodos para subsistir, como trancafiar em cada momento o que é apropriado à ele. O tempo da minha vida não é uma continuação de dias- é apenas feita retalhos. Não é permitido o gracejo da plenitude e felicidade, não durmo, não repouso. Somente ajoelho e ando pelas pedras. A fantasia há muito tomou o lugar da realidade, apossando-se e rolando na grama seca. Bem deveria saber que uma noite de suspiros verdadeiros o destino não conceder-me-ia na santa paz...
Tudo o que queria engolir é sofrimento, instantes na mais absoluta pureza e sorriso fácil. A noite é companheira - nela deixo marcações em cada espaço que repouso o olhar. Mas ao menor contato da pele com o metal das chaves de casa a rachadura entre meus pés é estirada; a superfície do cérebro craquela-se ainda mais. Antes de abrir a porta, sempre peço em silêncio a sorte de só encontrar meu gatinho esperando-me, peito branquinho desesperando carinho, dear Syd!
Prolongar a expansão contínua
regada à exaustão não sentida.
domingo, 16 de outubro de 2011
Exílio parte 22
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário