Narro a escuridão que busco incessantemente.
Abordo deste instinto suicida, deste navio parasita, contornando portos distintos sem ancorar - apenas exercendo sua sombra espessa na paisagem bela do mar.
Sem capitão, o navio está à mercê da força da natureza: navega seguindo as ondas e suas vontades suscetivas de morrer na praia. E, se numa dessas ficar raso demais para uma embarcação tão grande e pesada? O fim da jornada será encalhada!
Há uma pobre alma trancafiada no depósito de rum. Condenada ao exílio total - conservada pelo álcool presente. Sem opção de apodrecer, implora pelo alojamento da tripulação, onde poderia escolher um beliche minúsculo para definhar na horizontal. Quando menina davam-me florais conservados na mesma bebida: a história repete-se em seguida.
O universo usa-me para recreação, como criança com um barquinho de papel na pia do banheiro, encantada fantasiando o oceano e a rotina dentro de uma escuna. Ah! Seria tão bom uma escuna pesqueira, lotada de afazeres árduos, sem tempo para sair da direção! Somente perseguir os cardumes coloridos, guiados pelos peixes inofensivos, rodeados de simbolismos...
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