quarta-feira, 17 de outubro de 2012

A toca

I
Dormi para morrer entorpecida
e mesmo assim desperta-me
                           Com tuas vibrações aquecidas.
Em meio a mãe natureza amanhecendo
O dia surge para mim em tua música úmida que, tão perto
                           Desnorteia mútuos sentidos.
As folhas secas da mata - soníferas
Então cobrem-me.
                           O corpo adormece para defender-se.

II
Tua cozinha do pensamento acendera.
As horas são devastadoras
                             - culpa, culpa!
Entrega-se pela trilha de galhos quebrados,
confia que encontrará a cabana desconhecida.
Guia-se pelo aroma de jasmim -chamando pelo anjo
e de fato crê tê-lo perseguido.

Energia pura inunda teu coração.
Rapidamente o semblante, outrora de êxtase
Fenece como essência de flor se não retirada.
Depara-se com uma toca fechada,
apenas com a lama seca da falta de esperança.

Insensível,
passou despercebido pela aura púrpura.

Levado, massacrado, o garoto
desce o acampamento com sua pilha de lenhas nos braços
De rosto incendiário,
abrindo o fosso que separa-nos.


III
Longe de ti o único tempo é o presente.
Danço com a correnteza do rio que sempre flui
Como pano branco lançado na água.
Mas ainda, sem demora
Soluço silenciosa
No barro encharcado da toca.

A invisibilidade...
Será benção?
Será desgraça?


14/10/012

Nenhum comentário:

Postar um comentário